segunda-feira, 23 de abril de 2012

Inocência!

Neste final de semana pude acompanhar vários jogos ao vivo. As crianças de mãos dadas com seus ídolos adentrando o gramado ganharam a minha atenção. Na Europa é um pouco mais organizado, mas em todos os campos a fascinação pelo ídolo, o amor, a paixão pelo jogador é de emocionar.

Alguns jogadores mais atenciosos distribuem sorrisos e até trocam algumas palavras com aqueles rostinhos perplexos e emocionados. Isso me fez lembrar da Copa do Mundo de 1994 e explico para vocês nas próximas linhas. Nunca entrei de mão dada com nenhum jogador, mas o ponto não é esse.

Mesmo quebrando um jejum de 24 anos, o tetracampeonato da Seleção Brasileira não é bem visto pelos jornalistas, saudosistas e alguns torcedores. Tudo por conta da derrota em 1982. A Seleção que perdeu, encantava, e a Seleção que venceu, jogava um futebol burocrático, de marcação e sem inspiração.

Não quero e não vou entrar no mérito desta discussão. Quero falar da inocência de se acompanhar uma partida de futebol. A Copa de 1994, nos EUA, foi a primeira que eu assisti. Tinha nove anos naquela época. Torci como nunca. Vibrei a cada gol de Romário (foram cinco ao todo). Aquele de cabeça contra os grandalhões da Suécia ainda está na memória. E o que falar do tento salvador de Bebeto contra os donos da casa. A comemoração de embalar o bebê nasceu ai.

Fiquei bravo com a cotovelada desferida por Leonardo em seu oponente neste mesmo jogo contra os EUA. Mas também comemorei a cada defesa de Taffarel. Contra a Holanda nas quartas-de-final e contra a Itália na decisão deixam qualquer um de boca aberta. Quem não se lembra do pênalti perdido por Baggio? Não dá para explicar aquela alegria. Criança pula. Criança corre. Criança grita. Era tetra! Era meu primeiro título mundial com a Seleção Brasileira. Naquela época até me vestia de Brasil. Podem acreditar!

Não há título que mais comemorei como aquele mundial de 1994. Mas quatro anos depois veio a Copa de 1998 e também estive na frente da TV para torcer pela Seleção. E foi naquela final, naquela derrota inexplicável, por 3 a 0, que fiquei amargo, mal humorado, como os jornalistas que criticam a conquista de 94.

Nada tem a ver com o episódio (misterioso) de Ronaldo. E, sim, a forma como a Seleção Brasileira perdeu, naquele momento, para a inexpressiva Seleção da França. Um time apático, levando gol atrás de gol. O encanto acabou! A inocência foi perdida e passei a olhar o futebol de outra maneira. Deixei de torcer!

Daria tudo para voltar a ter aquele encantamento com a Seleção e até com o futebol. Mas sei que será bem difícil, para não falar impossível de realizar este sonho. Pelo menos, temos as crianças renovando o sonho e a paixão pelo futebol todos os dias.

O futebol é mágico por conta disso, desta fascinação. É tão fácil organizar, planejar, ter um futebol vistoso... O torcedor não tem tantas exigências. O torcedor só quer viver o encantamento que o futebol deveria proporcionar a cada rodada, mas que a cada dia está mais difícil.

Neste momento, a magia está apenas com as crianças, com sua paixão cega pelos craques. Uma pena! Poderia ser bem diferente. O futebol poderia ser, de fato, um conto de fadas.

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